”Gênero e Diversidade na Escola – Novas Reflexões”
A introdução de um relatório técnico científico tem que tratar sucintamente do tema abordado, neste caso tem a ver com ”Gênero e Diversidade na Escola” numa palestra ministrada pelo professor Claudio Guellere durante o II Congresso Internacional de Educação promovido pela União Dinâmica Cataratas (UDC). Esta palestra estava sendo aguardada com certa ansiedade por acadêmicos da primeira turma de letras do segundo semestre de 2010 pois os mesmos encontravam-se envolvidos com este assunto havia um mês, quando decidiram elaborar um artigo científico intitulado “Enfoque sobre a Equidade de Gênero no Brasil e no Mundo” com resultado surpreendentemente satisfatório, dado o exíguo lapso de tempo entre o momento em que lhes fora delegada a tarefa e a entrega às vésperas do congresso. Faz-se justo frisar que o Professor tinha sobre si a enorme responsabilidade de proferir sua palestra poucos dias depois do “II Encontro do II Ciclo de Encontros Regionais para o Fortalecimento da Equidade de Gênero no Mundo do Trabalho”, com farto conteúdo e que contou com a presença de ninguém menos que o Excelentíssimo Sr. Presidente da República Luiz Ignácio “Lula” da Silva e que, diga-se de passagem foi de enorme e fundamental ajuda para a elaboração do artigo cientifico dos acadêmicos. Considerando que trata-se de tema relativamente novo, com muito pouca opção de pesquisa na internet, fez-se necessário por mãos á obra através de métodos tradicionais, seja pesquisando em compilações fornecidas muitas vezes pela gráfica da União ou gravando discursos proferidos e fotografando slides no “II Encontro” para conseguir dados atualizados. Desafortunadamente os dados apresentados, tanto no II Encontro, como na palestra do Professor Claudio Guellere não primaram pela atualização, assim sendo a maior parte datavam do período entre 2004 e 2006. Que isso conste como uma crítica construtiva dado ao vanguardismo do tema.
As novas reflexões a respeito da equidade na escola deve ser tratada diariamente por acadêmicos de letras e pedagogia, afinal, como bem esclareceu o palestrante, são eles a nova safra de educadores com a responsabilidade de livrar de uma vez por todas o corpo docente do ranço da decoreba ou do professor “dador” de aulas e partindo para métodos que busque maior interação entre alunos e professores.
Logo após os agradecimentos, o palestrante esclareceu que se tratava de um assunto polêmico e que carece de discussão principalmente nas escolas públicas. Um ponto positivo na condução da palestra foi o fato do professor se juntar a platéia, descendo os degraus que separam o palco da platéia colocando no mesmo nível, além de colocar-se à disposição para oferecer material para futuras investigações. Com isso ele pode interagir melhor visto a complexidade do tema. Falou-se sobre a Secretaria Municipal de Educação, de como dentro dela existem vários departamentos para em seguida focar no departamento de Diversidade e que essa secretaria não cuidava simplesmente da diversidade de gênero como também da educação no campo, educação indígena, educação étnico-racial, educação entre quilombolas e faxinais (ainda que estes dois últimos não façam parte da realidade do nosso município), outrossim esclareceu-se que o núcleo de Foz do Iguaçu abrange nove municípios.
O palestrante Prof. Claudio Guellere informou que não era pelo fato de ser formado em Biologia que o foco principal teria relação com a palavra “sexo”, para em seguida esclarecer a importância em se diferenciar o termo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis). O discurso começa a tomar forma quando envereda pelo tema da diversidade sexual, do respeito que se deve pela opção sexual de alunos e professores, da importância da fundamentação legal através de leis que partem da esfera federal, passando pela esfera estadual, municipal e culminando com o regimento escolar. Seguindo por esse viés, pressupõe-se que cada escola deve adequar-se a sua realidade tendo como objetivo a igualdade o combate ao bulling, trotes, discriminação, etc. No Estado do Paraná, a lei 11733/97 prevê essas ações e vai mais longe, promovendo campanhas de conscientização entre o corpo docente independentemente da disciplina. Outra lei que diz respeito ao assunto em questão é a 16454/10 que homologa o dia estadual contra a homofobia, mas, o parecer do conselho estadual é o documento mais importante (CP/CEE n° 01/09) redigido em outubro de 2009, solicitando a inclusão do nome “social” nos registros escolares do aluno. Com isso, o aluno pode pleitear a mudança, fazendo com que o nome social apareça obrigatoriamente na lista de chamada, por exemplo.
E para que a platéia refletisse sobre tão delicado tema, o palestrante citou o seguinte pensamento de Nelson Mandela: “ Ninguém nasce odiando uma pessoa pela sua cor de pele, por sua origem ou ainda por sua religião – para odiar, as pessoas precisam aprender e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” Terminada a reflexão o palestrante comentou que “respeito" é a palavra chave para a aceitação e colocou duas perguntas no ar: Porque pessoas com diferentes opções sexuais não podem freqüentar a mesma escola? e, Porque essas mesmas pessoas não podem obter o mesmo nível de emprego?
O ápice da palestra se deu com a apresentação do quadro onde a professora Jimena Furlam explica as diferenças existentes entre sexo, gênero e sexualidade, onde sexo é o atributo biológico em que se tem o homem e a mulher como macho e fêmea respectivamente (além dos hermafroditas e inter-sexuais), o gênero é a construção sócio cultural tendo como definição o masculino e o feminino (além do andrógeno/a), levando à identidade de gênero e finalmente a sexualidade como construção biológica, social, cultural, histórica, político e discursivo, que define heterossexualismo, homossexualismo e o bissexualismo traduzida na orientação sexual. Pode-se colocar como ponto importante da palestra também o parágrafo sobre Direito Sexual que engloba as múltiplas expressões da sexualidade, que dá direito à saúde, direito de cada pessoa de ter reconhecido e respeitado o seu corpo.
Logo após a exibição de um vídeo deu-se o encerramento da palestra para dar lugar a uma rodada de perguntas, sendo que pôde-se observar a falta de um microfone para a platéia o que prejudicou o andamento do debate, coisa que poderia ser facilmente solucionada com a adoção de um microfone extra. O palestrante desculpou-se por estender-se demais no assunto e despediu-se citando um dado alarmante. Cerca de 40% dos jovens entre 15 e 21 anos de idade indicam discriminação por parte de professores e colegas (KNAUT, TERTO Jr. POCAHY,2006), e, em pesquisa recente, a escola aparece em primeiro lugar na discriminação com estes grupos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário