quarta-feira, 19 de março de 2008

Change Dollar?

Nos últimos 70 anos o Brasil mudou de moeda pelo menos sete vezes, o REAL (plural RÉIS) que hoje conhecemos foi a primeira denominação da nossa moeda. Bem resumidamente o “samba do criolo doido” se dança nesse compasso: A partir do segundo império passou a vigorar o MIL RÉIS, e vem daí a corruptela “merréca”. A partir do ano de 1942 foi implantado o CRUZEIRO, a responsabilidade por essa mudança foi atribuída à inflação durante a segunda grande guerra. Já em 1967 com o poder de compra do Cruzeiro corroído, tivemos a criação do CRUZEIRO NOVO que voltou a se denominar CRUZEIRO em 1970 e CRUZADO em 1986. Com o famoso Plano Verão, no início de 1989 surgiu o CRUZADO NOVO, e com o plano Collor (aquele do bloqueio das contas correntes) em 1990 o CRUZEIRO que deu lugar ao CRUZEIRO REAL Em 1993.
Finalmente entre as idas e vindas da URV voltamos ao REAL, que vigora até hoje.


No início da década de 1980, nos velhos tempos dos Cruzeiros e da inflação galopante, as pessoas levavam um fardo de notas pra ir ao supermercado. Por aqui nunca se ouviu falar em cartão de crédito, coisa que naquela época só existia nos grandes centros e o mais comum mesmo eram transações com os fardos de dinheiro.

Pois bem, talvez o que poucos se lembrem é que naquela época, quem trabalhava no turismo e nos hotéis, ganhava muito dinheiro fazendo câmbio. Naturalmente a moeda mais visada era o Dólar Americano que, com seu poder de compra altíssimo e valorização garantida, era porto seguro para aqueles que podiam ou queriam poupar algum. Todos faziam câmbio: guias de turismo, motoristas, mensageiros, recepcionistas, camareiras, garçons. Enfim podemos incluir aí um sem número de profissionais da área passando por aeromoças, comandantes, etc. Recordo-me perfeitamente que, terminado o check-in nos hotéis, em pleno saguão, formávamos duas filas com os passageiros do grupo. A primeira para vender as excursões opcionais e a segunda para fazer câmbio. Aquela dinheirama toda era transportada em mochilas que mais pareciam malotes.

Essa história aconteceu no Hotel das Cataratas durante o café da manhã, entre brioches e frutas tropicais, o inebriante cheiro de café brasileiro e aquela atmosfera típica de início de jornada. Nosso personagem principal, um jovem garçom de descendência alemã, natural de Sabugo-raspado, um povoadinho que fica perto de Anta Gorda, interior de Santa Catarina. O moço não falava inglês, mas como todos, era ávido pelas verdinhas e como era costume na época, também andava com seu "fardo" de cruzeiros desfilando entre as mesas do restaurante, na maior sem-cerimônia.

Eis que sentou-se à mesa um turista Norte-americano para seu desjejum, e, entre uma fatia de melancia e um prato de ovos mexidos dirigiu ao "sabugo-raspadense" a seguinte pergunta.

_ Change dólar?

E o garçom que não tinha a mínima idéia do idioma do Tio Sam respondeu prontamente.

_ Change, claro.

Bem e como na época realmente não existia a figura do cartão de crédito, nosso desavisado turista lançou mão de um "bolo" de verdinhas e humildemente puxou uma nota de 20 dólares.

O garçom que pensava entrar para o mercado internacional de câmbio torceu o nariz, e, diante do pouco lucro disse ao turista, com a polidez de um Anta-gordense.

_ Ah meu senhor, só troco de "randri" pra cima, não tenho tempo pra essas mixarias, não.

Obviamente o turista ficou plantado, olhando estupefato com sua notinha de vinte dólares na mão sem entender o que estava se passando. Mas isso não seria o problema porque se 200 funcionários tivesse o hotel, 200 cambistas teria ele à disposição para trocar seu dinheiro.



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