quarta-feira, 19 de março de 2008

A francesa e o gambá


Um dia desses almoçando no restaurante do porto canoas encontrei-me com meu
amigo Júlio César e ele me contou essa pérola da época em que kombi era carro de última geração no turismo de foz do Iguaçu, lá pelos idos de 1977.
Estava ele a cargo do receptivo de uma passageira francesa e seu motorista era o "finado" Xisto. Os mais antigos devem se lembrar, ele era um sujeito magricela, alto, vesgo e fumante inveterado.
Enfim, o Júlio nos conta que no momento que a passageira entrou na kombi o finado Xisto soltou uma série de palavrões tipo: Porra Júlio isso é uma passageira ou é um Gambá (sem querer ofender o marsupial); a quanto tempo essa velha não toma banho? Assim não dá, vou ter que dirigir com a cabeça pra fora da janela senão eu morro com esse fedor; sempre ouvi falar que franceses não são chegados a banho, mas essa velha deve estar podre. E seguiu o caminho desfiando seu rosário de impropérios enquanto o pobre guia tentava passar algumas informações para a velha senhora.
Tão logo alcançaram o centro da cidade o motorista indignado parou o carro e saiu dizendo que ia comprar uma carteira de cigarros e respirar um pouco de ar puro antes que vomitasse. Nesse momento a passageira, que era francesa, virou para o nosso incauto Julio César e disse em perfeito "português": meu filho, esse seu motorista é muito mal-educado, o senhor não acha? Imagine você meu caro leitor a cara que o Júlio deve ter feito. Mesmo não tendo colaborado com as ofensas ele não sabia onde enfiar a cara.
Quando enfim o Xisto voltou baforando seu "minister" zombando eperguntando ao guia se ele ainda não tinha morrido com aquele fedor. A essas alturas O Júlio que já tinha tomado conhecimento dos dotes lingüísticos da passageira começou a cutucar o magrão a cada ofensa que se seguia, mas, com aquela empolgação toda, quem disse que o Xisto freava a língua, e era um tal de velha fedorenta pra lá, mamãe gambá pra cá, quando enfim chegaram ao hotel...
...e enquanto o Xisto descarregava as malas da vovó gambá, pensando na gorjeta que ia ganhar, ela se aproximou e disse em alto e claríssimo português:
O SEU MAL-EDUCADO, ATÉ NUNCA MAIS PARA VOCÊ.

Moral da história: Quem fala demais dá bom-dia a cavalo.

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