Artiguinho pra Ana Lúcia

Olá Ana,

Estou escrevendo este "artiguinho" em agradecimento aos seus ensinamentos deste semestre. Quero aproveitar e desejar a você e sua família um natal cheio de guloseimas bem gostosas e que em 2011 vc realize todos os seus projetos.

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Lá pelas tantas caiu a ficha. Quase aos 45 do segundo tempo, numa das aulas de literatura, foi descoberto o tendão de Aquiles. Para ficar por dentro da matéria tudo o que se tinha a fazer era traçar uma linha do tempo. Claro que a isso deve-se somar o conhecimento da mitologia e o conhecimento adquirido ao longo dos anos.

A dica dada em sala de aula foi exatamente assim: “Olha pessoal, pra vocês seguirem bem no próximo período vocês tem que se conscientizar da sequência dos movimentos (e contra-movimentos)”. Naturalmente todos estão tentando se aprofundar em literatura, mas, todos os movimentos passaram e passam por todas as áreas da cultura. Tanto Artes plásticas como arquitetura, misturando poesia com musica, enfim um caldeirão multicultural. Bem, visto e contado assim, parece óbvio. Mas acontece que subliminarmente foi transmitido a interligação dos movimentos, o resgate de toda riqueza da mitologia comparado com o iluminismo, o humanismo a renascença e por ai vai. No primeiro bimestre a povo foi pego de surpresa porque apesar de todos conhecerem, pelo menos em parte, histórias tipo Robin Hood e Don Quixote, também foi passado o lado técnico. Falar de Dom Quixote todos sabem, mas vai lá na frente tentar enfiar isso na cabeça de 30 cabeças duras. Muito bem, agora vamos de vento em popa. Só falta saber colocar no papel (provas) o que foi dado na aula.

Então não se preocupem com notas mas com o que se apreende, isso sim. Com certeza todos estarão esperando (salvo desastrosas exceções) a continuação dessa avalanche de conhecimento. Começaram no humanismo e foram parar no barroco, mais precisamente na morte do barroco agonizando em rococó. Houve quem se decepcionou porque em Camões não foi dada mais que uma pincelada. Para um curso de letras, há de se convir, é muito pouco. O negócio é aproveitar as férias para detonar uma redondilhas. Será que redondilha engorda? Provavelmente sim. Engorda a cabeça de quem lê. Camões e as altas torres. Com essa obra dá pra subir um degrauzinho na torre do conhecimento. Pode parecer pouco, mas, “Versos e alguma prosa de Luis de Camões” da Moraes Editora, 1977, que contém exíguas 160 páginas é um livro de atitude. Antes de mais nada um livro “desemburrecedor”. Aquele tipo de livro que tira o leitor da ignorância do desconhecido e transforma o protagonista num velho camarada. Um livro que entra na cabeça. Mas leia com parcimônia! Navegando nessas águas o leitor começa a se sentir como um argonauta cantando odes e elegias de Camões, pouco importando se redondilhas ou sextinas engordam.

Navegando em pleno Cabo das Tormentas enfrentando Adasmastores, remando e cantando aquele fado do Caetano.

“O barco, meu coração não agüenta tanta tormenta, alegria meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração, o porto, não.
Navegar é preciso, viver não é preciso O barco, noite no céu tão bonito.”

Feliz Natal e Feliz Ano Novo

Gabriel/Tatiani