Interessante a comparação de hoje, em sala de aula, acerca do projeto de inter-textualidade que estamos produzindo (eu e tati) sob orientação de ninguém menos que a Profa. Cida.
Por uma lado Clarice Lispector com dois de seus livros, A Hora da Estrela e A Paixão Segundo G.H., e por outro um dos textos mais célebres de Franz Kafka, A Metamorfose. Enquanto este último conta um acontecimento sobrenatural onde em "Uma manhã, ao sair de um sonho agitado, Gregório Samsa acordou transformado em seu leito num verdadeiro inseto" algo que se assemelhava a uma barata gigantesca e bizarra, o texto de C.L. fala da necessidade que teve de comer uma barata e descreve o ato com as seguinte palavras: "eu sentia agora o nojento na minha boca, e então comecei a cuspir a cuspir furiosamente aquele gosto de coisa alguma, gosto de um nada que no entanto me parecia quase adocicado como o de certas pétalas de flor gosto de mim mesma - eu cuspia a mim mesma".
Chegamos a analizar da seguinte maneira: Teria Clarice Lispector canibalizado Franz Kafka? Afinal, um produziu uma barata e outro a comeu! Em ambos autores se descortina um rompante existencialista onde se representa a vida como uma série de lutas entre o indivíduo e o resto de tudo. O indivíduo é forçado a tomar decisões; freqüentemente, qualquer escolha é uma escolha ruim.
A canibalização, o existencialimo, o realismo fantástico, o artificialismo (óbvio) e até mesmo a proposta verossímil serão discutidos, senão à exaustão, já que nosso nivel acadêmico não permite, pelo menos de maneira a elucidar a inter-textualidade entre esses dois grandes escritores.
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